terça-feira, 11 de novembro de 2008

JP Simões, eu vi...

Mais um concerto que não me deixa muitas palavras para dizer. Muito bom ambiente... Muita e boa música, transversal ao seu percurso como cantor e autor...

Talvez só referir que ele teve a companhia do Sergio Costa, que a Luanda Cozetti apareceu para fazer o dueto de "Se Por Acaso (Me Vires Por Aí)" e que os concertos de 7 e 8 de Novembro no São Luiz vão resultar num CD e num DVD ao vivo.

É um grande artista e um grande entertainer... com o sentido de humor certo, pelo menos para mim...
Improvisou um anúncio comercial e fez-me lembrar do Jeff no Sin-É...

As letras do JêPê fazem muito sentido, principalmente quando são irónicas... ou tentam transmitir a ideia oposta ao seu sentido literal, a tal figura de estilo chamada Antífrase... se tudo na vida fosse fácil de entender então a vida não teria nem um décimo do gozo...

Para mim, cada vez mais, faz sentido (voltar a) ouvir música cantada e escrita em português...

Deixo aqui as minhas pérolas preferidas:
1970 [Retrato]
"...Vai minha geração, ergue a cabeça e solta os teus filhos no esplendor do lixo e do descuido, deixa-te ir enquanto o sabor acre da desistência vai corroendo a doçura da sua infância.
Vai minha geração, reage, diz que não é nada assim, que é um lamentável engano, erro tipográfico, estatística imprecisa, puro preconceito, que o teu único defeito é ter demasiadas qualidades e tropeçar nelas.
Vai minha geração, explica bem alto a toda a gente que és por demais inteligente para sujar as mãos neste velho processo, triste traste de Deus, de fingir que o nosso destino é ser um bocadinho melhores do que antes.
Vai minha geração, nasceste cansada, mimada, doente por tudo e por nada, com medo de ser inventada, o que é que te falta agora que não te falta nada?
Poderá uma pobre canção contribuir para a tua regeneração ou só te resta morrer desintegrada?
Mas, minha geração, valeu a trapaça, até teve graça, tanta conversa, tanta utopia tonta, tanto copo, e a comida estava óptima! O que vamos fazer?"

Valsa Quase Antidepressiva
"Dança comigo a primeira valsa da Primavera: dança sem sonhos, esquece as promessas, ninguém nos espera. Já enchi os dias de lutas vazias: estou gasto, cansado, dormente. E a um pouco de sexo, ou muita poesia, ainda não fico indiferente. Fala comigo na palavra falsa da fantasia: chovem amigos na festa da praça do meio dia. É certo que as flores parecem maiores que toda a virtude do mundo: com um pouco de sexo, ou muita poesia, ainda me sinto profundo. Se este mundo fosse feito para ser doce eu seria doce fosse eu quem fosse. Foge comigo na última volta da maratona, nada comigo num lago indeciso de metadona. Já deixei as asas na cave da casa e as chaves no fundo do mar: com um pouco de sexo, ou muita poesia, ainda nos vamos casar."

Credits:
João Paulo Simões

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